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Inibidores Selectivos da MAO

A enzima monoaminoxidase-B (MAO-B) localiza-se na superfície externa das mitocôndrias e em maiores concentrações nas terminações dos nervos no cérebro e age na transformação da dopamina no seu metabolito, o ácido homovanílico. É portanto, uma das enzimas responsáveis pela remoção natural da dopamina após ter sido utilizada pelo seu recetor. As drogas inibidoras da MAO-B, nomeadamente, a selegilina e a rasagilina, atuam reduzindo a velocidade de remoção da dopamina, aumentando o seu tempo de vida útil e elevando os níveis de dopamina.


O efeito sintomático obtido com a selegilina é discreto mas muitas vezes suficiente para o controle dos sintomas iniciais da doença. Quando administrado em conjunto com a levodopa, pode potencializar a sua eficácia, aumentando a duração do efeito antiparkinsoniano. Um alegado aumento do risco de morte causado por esta associação não tem sido apoiado pela maioria dos estudos publicados. Outro inibidor da MAO B, de desenvolvimento mais recente é a rasagilina. Ensaios clínicos recentes mostraram que os doentes em fases iniciais da doença de Parkinson que receberam rasagilina precocemente tiveram evoluções mais lentas nos primeiros 18 meses do que os controlos.  Tal como acontece com a selegilina, a levodopa também pode ser associada com a rasagilina em doentes com flutuações de fim de dose.

A selegilina deve ser administrada no início do dia numa ou duas tomas. Quando administradas à noite, podem causar insónias. É absorvido pelo trato gastrointestinal, sendo rapidamente metabolizado a nível hepático. Os seus principais metabolitos - desmetil-selegilina, metanfetamina e anfetamina-, são dotados de fraca atividade central e alcançam o nível sérico máximo em 30 minutos a 2 h após a dose oral. Ocorre ligação às proteínas plasmáticas e a excreção é renal. A dose recomendada é de 5 a 10 mg/dia. Como possíveis reações adversas podem ocorrer: obstipação, diarreia, náuseas, vómitos, xerostomia, estomatite, hipotensão, depressão, confusão, psicose, agitação, cefaleias, lombalgias, cãibras, dores articulares, retenção urinária, reações cutâneas, aumento das transaminases. É contra-indicado em casos de úlcera gástrica e duodenal, de hipertensão não controlada, de arritmias, de angina de peito, de psicose, na gravidez e aleitamento. É de realçar que se deve precaver na medida em que os efeitos próprios da levodopa podem ser exacerbados e a dose desta pode ter que ser reduzida.  A selegilina interage com petidina podendo levar a hiperpirexia, confusão e coma, e com a hipertensão e excitabilidade do SNC com antidepressores SSRI. Durante alguns anos, levou-se seriamente em consideração que a selegilina poderia agir como agente neuroprotetor, prevenindo ou ao menos retardando a progressão da doença. Essa ideia surgiu do conhecimento de que o metabolismo da dopamina produzia radicais livres. Como consequência, a redução desse metabolismo induzida pela selegilina poderia contribuir para menor produção desses radicais livres. Entretanto, estudos detalhados envolvendo centenas de pacientes durante quase uma década não conseguiram provar essa hipótese.

 
 

 A rasagilina apresenta várias reações adversas, entre elas: cefaleias, síndroma gripal, indisposição, dores no pescoço, angina de peito, dispepsia, artralgia, depressão e conjuntivite, para além de também poder inibir a lactação. É contra-indicada em casos de hipersensibilidade a qualquer um dos componentes. Em caso de tratamento concomitante com outros inibidores da MAO ou com petidina devem decorrer, pelo menos, 14 dias após a suspensão da rasagilina. Também no caso de toma de da fluoxetina ou da fluvoxamina devem decorrer, pelo menos, 5 semanas entre a interrupção da toma destes e o início do tratamento com rasagilina. A dose diária recomendada é de 1mg. As possíveis interações podem ocorrer com os outros inibidores da MAO, com antidepressores tricíclicos ou heterocíclicos, com a petidina e com dextrometorfano.
 
 

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